sexta-feira, 20 de novembro de 2015

E a socialização?



A família é a primeira e fundamental escola de socialização: enquanto comunidade de amor, ela encontra no dom de si a lei que a guia e a faz crescer. O dom de si, que inspira o amor mútuo dos cônjuges, deve pôr-se como modelo e norma daquele que deve ser atuado nas relações entre irmãos e irmãs e entre as diversas gerações que convivem na família. E a comunhão e a participação quotidianamente vividas na casa, nos momentos de alegria e de dificuldade, representam a mais concreta e eficaz pedagogia para a inserção ativa, responsável e fecunda dos filhos no mais amplo horizonte da sociedade.

São João Paulo II, Familiaris Consortio, 37.

Todas as vezes que falamos sobre Homeschooling com nossos familiares e colegas, surge a seguinte indagação: “Concordo que educar os filhos em casa pode ser mais eficiente e mais compatível com os valores morais cristãos, mas e a socialização? As crianças precisam de amigos! Elas não ficarão isoladas em casa, sem contato com pessoas?”

Para responder a essa pergunta, devemos antes precisar o que significa sociabilidade e socialização para não correr o risco de falar sobre uma coisa e querer dizer outra.




1. Definição

a.       Sociabilidade

Diferente da socialização, a sociabilidade é uma habilidade ou um conjunto de habilidades de uma pessoa em se relacionar com outros.  Por exemplo, se uma pessoa é extrovertida e simpática, ela tende a ser mais sociável do que uma pessoa introvertida e mal humorada. Portanto, a sociabilidade é uma ferramenta para a socialização.

b.      Socialização

Segundo o Dicionário Caldas Aulete, a socialização é o “ajustamento de uma pessoa, especialmente uma criança, ao grupo social em que se deve inserir (processo de socialização)”. Portanto, socializar é adequar-se à vida em grupo, o que não é em si algo bom ou ruim, a depender do grupo no qual a pessoa se socializa. Quando uma criança vai à escola e adequa-se às regras de convivência de seus colegas, podemos afirmar que ela está socializada naquele meio. Caso a criança fique isolada dos colegas, dizemos que ela não se socializa, muitas vezes por falta de sociabilidade, como acontece com crianças muito tímidas. Apesar de ser um tanto óbvia, essa definição nos faz formular outra questão de resposta não tão simples: em que meio eu quero que meu filho seja socializado? Como educá-lo de modo a fornecer a ele habilidades sociais para que possa se adequar a um meio social saudável, que o leve a ser uma pessoa melhor?


2. Socialização e sociabilidade no lar e na escola

No fim das contas, o objetivo de todo pai cristão é educar seu filho para amar. Se uma pessoa ama as pessoas com quem ela convive, ela certamente não sofre de nenhum problema de socialização. Portanto, devemos ensinar nossos filhos a servir o próximo, a sacrificar-se por outra pessoa, a esforçar-se para fazer o bem, a respeitar as pessoas diferentes etc. Esse deve ser o núcleo da preocupação dos pais em relação à socialização de seus filhos. Abaixo dessa dimensão caritativa, podemos citar também outros elementos, desta vez relacionados aos sentimentos da criança, como a diversão em grupo, as brincadeiras, esportes etc. Queremos que nossos filhos sejam santos e que se divirtam, que brinquem, que sejam crianças. Refletiremos agora sobre como o ambiente familiar e escolar podem influenciar a socialização das crianças.


a.       Aprendendo a amar

Não há forma melhor de socialização do que amando e não há lugar melhor para aprender a amar do que em casa. Lembremos que o lar deve ser uma Igreja doméstica. Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, estar sempre em oração e frequentar os sacramentos. Se cultivamos o amor divino, ele será refletido no matrimônio e chegará aos filhos. As crianças aprendem a amar ao serem amadas pelos pais e ao vivenciar o amor entre eles. Se os pais se doam, se perdoam, se sacrificam um pelo outro, as crianças aprenderão a agir da mesma forma. Quando um filho vivencia o fato dos pais deixarem de fazer o que lhes dá prazer para ensiná-los, eles aprendem que estão sendo amados. Além da influência do exemplo, pais que estão mais próximos dos filhos podem ensiná-los e incentivá-los a práticas de amor. Por exemplo, uma mãe que educa os filhos em casa sabe muito bem se um irmão está sendo egoísta com o outro irmão, podendo então corrigir essa característica. Se a criança passa o dia na escola e com a empregada, os pais raramente saberão se os filhos estão realmente cultivando os valores sociais cristãos. O menino pode ser um egoísta, agressivo, mentiroso e tantas outras coisas e os pais só descobrirão isso quando tais vícios já estiverem enraizados em seus corações. Pelo mesmo motivo, praticamente todas as habilidades sociais são melhor praticadas em um lar onde há educação domiciliar do que na escola. Como pais que convivem 2 ou 3 horas por dia com os filhos saberão se eles são, por exemplo, excessivamente introvertidos ou se estão por algum motivo se excluindo do convívio com os amigos?



b.      Autoconfiança versus Aceitação dos pares

Uma das habilidades sociais mais importantes que uma pessoa deve possuir é a autoconfiança. Um sujeito inseguro certamente tem problemas de convívio, pois tem medo de expressar sua opinião ou agir perante outras pessoas. No lar, quando uma criança faz algo de bom, os pais elogiam e as incentivam a repetir e a avançar em tais ações. Quando a criança faz algo de errado ou fala algo que não deve, os pais caridosamente as ensinam como é a forma correta. Elas aprendem que o erro faz parte do aprendizado e são ensinadas a ser humildes, a reconhecer que precisam sempre aprender mais. Isso gera autoconfiança nos filhos de modo que, quando vivenciarem uma discussão ou tiverem que fazer algo em público, não temerão os erros e nem as críticas.

Na escola costuma acontecer o contrário, pois as crianças sentem a necessidade de aceitação do grupo. Elas precisam fazer o que for preciso para serem aceitas e admiradas perante seus pares. Começam assim a falar como todos falam, agir como todos agem e quem faz diferente é zombado e excluído do grupo. Por esse motivo, tantas vezes vemos adolescentes agindo de modo contrário às suas convicções somente para não destoar dos colegas. Não bastasse o mal que isso faz à autoconfiança da criança, tal comportamento pode levar nossos filhos a criar hábitos e convicções contrários à fé. Por exemplo, as meninas sentirão necessidade de vestir as roupas que as outras meninas usam, por mais promíscuas que sejam. Os meninos que defendem a castidade serão perseguidos até o último dia da escola. Poderíamos citar uma infinidade de exemplos! É lógico que adolescentes que mantém suas convicções e seus valores mesmo depois de passar por vários anos de provação na escola serão pessoas fortes e firmes na fé, mas eles são minoria. O próprio vício da pornografia que aflige tantos jovens dentro da Igreja é uma prova disso.

Fica então a pergunta: vale a pena a socialização dessa forma? Queremos que nossos filhos se adequem a grupos de pessoas que agem completamente em desacordo do que ensinamos a eles? No fim das contas, o grande desafio dos pais cristãos é evitar que o filho seja socializado na escola!

Que socialização queremos para nossos filhos?


c.       Convivência com os diferentes

Muitas pessoas acreditam que a escola é o melhor ambiente para as crianças aprenderem a conviver com as diferenças. Mas de que diferença nós estamos falando? Quando as crianças estão na escola, elas costumam formar grupos de amigos de sua idade e com gostos e comportamentos semelhantes. É normal a exclusão e discriminação de crianças que não se adaptam a esses grupos. Não é à toa que há uma crescente preocupação com bullying no meio educacional. De fato, ainda que frequentem o mesmo ambiente, os estudantes vivem em grupos de semelhantes, não de diferentes.

Em uma família que pratica o Homeschooling, os pais têm mais tempo para ensinar aos filhos a amar as pessoas diferentes. Se ensinamos nossos filhos a amar o próximo, certamente eles crescerão sem preconceitos. Os pais podem levar os filhos a asilos, casas de acolhimento de mendigos e tantos outros lugares para as crianças aprenderem que há pessoas que sofrem muito. Isso os ajudará a criar uma postura de gratidão perante Deus e uma maior disposição a colocar-se a serviço dos outros. Eles também convivem com irmãos de idades diferentes. A convivência com os irmãos em tempo integral faz com que se estabeleça um laço de amizade mais forte entre eles, mesmo havendo vários anos de diferença entre uns e outros. Por exemplo, um garoto que ensina algo a seu irmão mais novo está amando. O que une os irmãos aqui não é mais um jogo de gostos e interesses, como entre colegas de escola, mas é um laço de amor concretamente vivido entre eles.

A maior convivência com os pais também é uma grande ajuda às crianças para que elas aprendam a lidar com as diferenças. Elas testemunham diariamente o que é o mundo adulto, quais são as preocupações e até mesmo as diversões de um adulto. Isso evita que os filhos vivam em um mundo artificial onde a maioria das pessoas tem a mesma idade e os mesmos interesses.


d.      Divertindo-se e fazendo amizades

É comum que as pessoas imaginem que crianças que fazem Homeschooling não possuem amigos ou que vivam isoladas e entediadas em casa. Essa tese não se sustenta por vários motivos: as crianças que são educadas no lar tendem a ser mais amigas dos irmãos; elas possuem vários amigos na Igreja; fazem amizade com colegas do esporte e com os vizinhos.  A diferença é que na escola os pais não têm controle nenhum sobre as amizades dos filhos. Eles passam o dia convivendo com pessoas que não sabemos quem são. Por isso não é de se espantar quando, de repente, os pais descobrem que os filhos tornaram-se pessoas muito diferentes do que desejavam. Por mais que nós ensinemos o que é certo e errado, os jovens precisam sentir-se inseridos e adaptados em seus grupos de amigos. Não estamos defendendo que nossos filhos devam ser isolados e protegidos como taças de cristais, até porque nós cristãos somos chamados a ser luz para este mundo. O que estamos dizendo é que não devemos ser ingênuos ao ponto de achar que nossos filhos são santos mártires que estão prontos a ser enviados a Sodoma e Gomorra e que sairão puros de lá. Nós afirmamos isso com base no que estamos vivenciando com o Victor Hugo. É uma luta diária não permitir que ele se torne como um dos meninos de sua escola. Desde vestimentas, jeito de falar e até comportamentos morais e gostos artísticos, a criança é influenciada pelas amizades em todos os aspectos de sua vida, por mais que os pais se esforcem. Os colegas de escola do Victor Hugo ouvem funk quebradeira na hora do intervalo, compartilham pornografia no celular e se embriagam em festinhas. Estamos falando de meninos de 12 anos de idade de uma das escolas particulares mais bem conceituadas de Brasília! Se eu coloco meu filho para passar 200 dias por ano junto a essas pessoas, como posso desejar que ele não se torne um deles?

Nós desejamos que nossos filhos tenham bons amigos e que se divirtam. Queremos que eles pratiquem esportes, leiam livros, joguem jogos de tabuleiro, conversem sobre suas descobertas etc. Para que tudo isso ocorra de forma saudável, não há ambiente melhor que o lar onde se pratica educação domiciliar.         

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Homeschooling: tirando os filhos da escola para que eles possam estudar


Talvez este seja o texto mais importante deste blog, pois contaremos uma grande descoberta que fizemos neste ano de 2015, um presente maravilhoso que Deus nos concedeu. Foi-nos revelado um tesouro de valor inestimável chamado "Educação domiciliar".
No início deste ano, quando finalmente começamos a nos preocupar mais seriamente com os estudos do Victor Hugo, notamos que ele não tinha nenhuma motivação para estudar, sendo raríssimo vê-lo com um livro nas mãos. Sua rotina era: escola de manhã, vídeo game à tarde e futebol à noite. Além de não estudar em casa e só frequentar a escola, era uma guerra fazê-lo acordar e sair de casa de manhã. Parecia que estávamos mandando o menino para um campo de torturas. Até então, achávamos normal essa aversão aos estudos, pois passamos pelo mesmo sofrimento quando éramos crianças. Ir à escola era um sacrifício que as crianças e os adolescentes tinham que praticar para alcançar uma profissão decente, assim como ir ao trabalho é um sacrifício necessário para os adultos. Estávamos conformados em passar a maior parte de nossos dias nos dedicando a algo que não nos realizava, pois, afinal, um dia teríamos que ganhar o pão de cada dia. Então, estudar e trabalhar seriam um mal necessário.
Apesar de até acharmos essa situação normal, ficamos incomodados ao notar que a escola exigia pouco dos alunos. Quando mudamos o Victor Hugo de escola a intenção era justamente colocá-lo em um colégio que exigisse mais dele e que o obrigasse a estudar. Por isso ficamos um pouco chateados quando percebemos que ele tirava boas notas sem estudar praticamente nada. Como isso pode acontecer com um garoto que nunca pega em um livro e que tinha aversão aos estudos? Ainda mais quando se trata de uma das escolas mais difíceis e caras de Brasília? É claro que ficamos felizes por constatar que nosso filho tinha muita facilidade em se dar bem nas provas, mas, ao mesmo tempo, percebemos que seu potencial estava sendo desperdiçado. E o fato dele estar conseguindo tirar boas notas sem precisar estudar em casa estava fazendo com que ele acreditasse ser possível alcançar sucesso na vida sem esforço algum.
Decidimos então acompanhar mais de perto o que ele aprendia na escola e tentar incentivá-lo a criar hábitos de estudo e a começar a ler alguns livros. Como contamos em alguns dos posts deste blog, tal decisão nos levou a tristes decepções. Constatamos que é o próprio sistema escolar que faz com que as crianças tenham aversão ao estudo. Além disso, vimos que os livros e professores são ávidos em matar a fé que tentamos passar a nossos filhos. Também foi triste perceber que as amizades que se formam na escola são pouco saudáveis, como mostraremos mais adiante.
Apesar de sermos obrigados a citar o lado negativo das escolas, este texto é sobre a alegria das descobertas com as quais fomos agraciados por Deus por causa de nosso interesse pela vida intelectual do Victor Hugo. Precisaríamos de dezenas de páginas para contar os detalhes desta história, mas contaremos aquilo que consideramos ser o essencial.
a)    Como conhecemos a Educação Domiciliar
Somos católicos e há 10 anos pertencemos a uma comunidade do Caminho Neocatecumenal. Nosso matrimônio é fruto de nossa comunidade e, portanto, Jesus Cristo é o centro de nossas vidas e de nossa família. A gratidão a Deus por tudo que nos foi concedido levou-nos a colocar nossa família à inteira disposição da Igreja e também a discernimos que os estudos eram parte do colocar-se a serviço de Deus, pois só amamos o que verdadeiramente conhecemos. Desta forma, intensificamos o acompanhamento dos cursos do Padre Paulo Ricardo, as leituras dos livros de santos e resolvemos iniciar um programa de formação intelectual com o fim de nos ajudar a ser pessoas melhores e a ter uma vida de virtudes. É indescritível a alegria de estudar tendo o amor a Deus como objetivo final.
Muitas são as pessoas que nos têm ajudado neste período de descoberta da busca do conhecimento. Grandes santos da Igreja, como Santo Agostinho, Santo Afonso Maria de Ligório, Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha do Menino Jesus, São Pio de Pietrelcina e São João Paulo II foram essenciais para nos ensinar que as escolhas do caminho de santidade são as mais difíceis, exigem coragem, mas que são as únicas escolhas que temos certeza que darão bons frutos, frutos de vida eterna! Kiko Argüello, iniciador do Caminho Neocatecumenal, nossos catequistas e os padres que nos acompanham também são testemunhas vivas do quão maravilhoso é arriscar totalmente em Deus. Apesar de todas essas pessoas terem sido essenciais em nossas vidas, há uma pessoa em particular que nós seremos eternamente gratos por nos ter ensinado um caminho para uma vida intelectual: o professor Olavo de Carvalho. Foi ele quem nos ensinou que uma vida intelectual é possível, que é uma vida de amor, e que mais maravilhoso ainda é educar nossos filhos para essa vida.
Por meio do professor Olavo, conhecemos outras pessoas, na maioria também alunos seus, que nos têm ajudado muito, que têm mostrado que é possível viver aquilo que sempre desejamos, mas sempre descartamos, pois seria impossível em nossos tempos, como o prof. Rafael Falcón, o prof. Carlos Nadalim, Gustavo e Camila Abadie, e tantos outros. Como resultado prático deste novo estilo de vida, podemos citar duas atitudes que foram julgadas pela maioria das pessoas com as quais convivemos como loucura: (i) eu abri mão de um alto cargo para poder ter mais tempo livre para a minha família, para os estudos e para a Igreja; (ii) a Juliana, que é advogada e estava muito bem empregada, pediu demissão para, assim, retornar ao lar e se dedicar inteiramente à nossa família. Não podemos deixar de mencionar que a decisão da Juliana foi muito difícil e que o curso “De Volta ao Lar”, da Camila Abadie, foi de grande auxílio para ela.
b)       Homeschooling, da excentricidade à realidade
Há vários anos que ouvimos falar sobre Homeschooling, mas sempre vimos essa atividade como algo excêntrico de algumas famílias cristãs norte-americanas. Parecia-nos o ideal para a educação dos filhos, mas uma utopia para as famílias brasileiras. Foi somente no início deste ano que, inicialmente por meio do Blog EncontrandoAlegria, pudemos conhecer diversas famílias brasileiras que estão introduzindo a educação doméstica no Brasil. O tempo livre nos deu a possibilidade de devorarmos livros, cursos, vídeos e artigos sobre educação e, em particular, sobre Homeschooling. Depois de ler diversos testemunhos de dezenas de famílias, podemos afirmar com segurança que tirar os filhos da escola para educá-los e instruí-los em casa não é somente a melhor opção, mas é uma necessidade urgente para os pais que têm condições de fazê-lo.
Um típico dia de estudo em uma família homeschooler
Há diversas vantagens do Homeschooling em relação às escolas, citaremos brevemente algumas aqui, mas teremos que escrever um post sobre cada uma delas nas próximas semanas. Citaremos a mais importante por último.
i.            Eficiência do Ensino
Começando pelo lado da instrução técnica, podemos afirmar com base em diversas pesquisas feitas nos Estados Unidos e pelo testemunho de várias famílias brasileiras que educam em casa que as crianças aprendem de modo muito mais eficiente no lar do que na escola. Nos EUA, onde há mais de dois milhões de crianças sendo educadas em casa, os resultados dos alunos homeschoolers nos testes nacionais são sempre muito superiores que os dos alunos de escolas públicas e privadas. No Brasil, apesar de não haver estatísticas de desempenho, é notável que os filhos de famílias homeschoolers aprendem muito melhor que as crianças que vão às escolas tradicionais. Os motivos para a maior eficiência do estudo em casa são vários, citaremos apenas alguns:
Ø  Pais amam seus filhos mais do que qualquer professor. O amor faz com que os pais se dediquem mais a fazer a criança aprender do que o professor;
Ø  O ensino é personalizado. Os pais conhecem os interesses, dificuldades e facilidades dos filhos em aprender.  Com o tempo, ainda que não propositalmente, os pais vão otimizando o ensino segundo as características de cada filho. O que acontece nas escolas é o contrário: as crianças com dificuldade não são atendidas e os alunos com facilidade de aprendizado têm seu potencial podado, pois os professores não podem exigir deles de modo diferente do que das outras crianças. Os professores ensinam de um modo para todos os 40 alunos, como se todos aprendessem da mesma maneira, com o mesmo ritmo;
Ø  O estudo individualizado é muito mais rápido. Uma matéria que um pai demora 30 minutos para explicar, um professor de escola demorará várias horas, pois é impossível controlar uma turma de 40 crianças. Geralmente 2 horas por dia são o suficiente para aprender muito mais do que em 5 horas de escola. Como resultado, cria-se mais tempo para diversão, trabalhos domésticos, oração etc;
Ø  Estudar em casa é menos tedioso. Como as crianças podem estudar ao seu modo e podem fazer intervalos conforme as características de cada uma, o tédio deixa de ser um problema. Nas escolas, ao contrário, as crianças são obrigadas a passar horas sentadas e escutando um professor falar de algo que não lhes interessa;
Ø  A criança aprende a aprender. Os pais podem estimular os filhos a estudar sozinhos. Várias famílias testemunham que a necessidade da explicação dos pais reduz com o passar dos anos, chegando ao ponto de adolescentes se interessarem tanto por um assunto que, ainda que estudando sozinhos, já possuem conhecimento superior a graduados naquela área.
Ø  Homeschooling permite cursos com verdadeiros especialistas. Além da criança ter mais tempo para cursos presenciais como o Kumon, o advento da internet nos permite contratar cursos on-line de excelentes professores que amam o que fazem. Não há mais a necessidade de colocar nossos filhos nas mãos de pessoas que simplesmente seguem uma apostila que é feita com um único objetivo de fazer o aluno passar no ENEM.
 
Nos EUA, os jovens educados em casa sempre conseguem notas mais altas que os alunos de escolas públicas e privadas 
ii.            Conteúdo: aprender o que os grandes gênios da humanidade aprenderam.
Outra grande vantagem do Homeschooling é o conteúdo ensinado. Os pais não precisam se ater ao conteúdo exposto em livros escritos apenas para satisfazer uma determinação de algum político. É verdade que uma hora ou outra, tanto no Brasil como nos EUA, os alunos que são educados em casa deverão prestar exames de nivelamento, como o ENEM. No entanto, após vários anos de educação doméstica, estudar para o ENEM passa a ser uma trivialidade. Um jovem que recebeu Educação Clássica, baseada no Trivium, não terá nenhuma dificuldade em aprender o conteúdo desses exames. Aliás, ele aprenderá qualquer matéria, de qualquer área do conhecimento, muito melhor que a grande maioria dos estudantes de escolas. Em breve, publicaremos um post explicando o que é Educação Clássica, mas, por hora, atemo-nos a dizer que os maiores gênios da humanidade foram educados em modo clássico.
 iii.            Formação humana: valores morais, virtude e vícios.
O Homeschooling oferece um ambiente melhor para cultivar valores morais nos filhos. É fato notório a todos que as escolas ensinam às crianças valores que são contraditórios ao que nós ensinamos aos nossos filhos. Basta analisar o conteúdo de algumas aulas de educação sexual para constatarmos isso. Ao acompanhar os estudos dos filhos de perto, podemos cultivar neles as virtudes e corrigir seus vícios.  Por mais que pais de filhos que vão à escola deem o seu melhor, é muito difícil detectar um vício de uma criança quando se convive com ela somente nos momentos de lazer. Por exemplo, há crianças que são compulsivamente mentirosas ou que são preguiçosas e egoístas, mas os pais só descobrirão essas características nos filhos quando será tarde demais para corrigir.
  iv.            Homeschooling não permite a socialização?
Ainda que as pessoas se convençam de todas essas vantagens, há um ponto que quase todos objetam: a socialização. Por incrível que pareça, a maior objeção é também um dos maiores ganhos. As crianças aprendem a se socializar muito melhor sendo instruídas em casa do que na escola. Os motivos são vários: eles aprendem a tratar as pessoas com mais educação; são ensinados a ser caridosos, a servir as outras pessoas; convivem com gente de todas as idades, ao contrário da realidade escolar. Dizem que nas escolas as crianças aprendem a lidar com as diferenças. Não é essa a realidade que vemos: na escola as crianças aprendem a tirar sarro de quem tem algum defeito físico; isolam os 'nerds'; humilham os efeminados. Na escola, eles aprendem a seguir a moda, a falar e comportar-se como como se pertencessem a gangues. As crianças aprendem que devem ser aceitas e admiradas por seus pares a qualquer custo. Não, essa não é a socialização que desejamos para nossos filhos. O Victor Hugo, por exemplo, tem vários amigos da Igreja, de todas as idades, filhos de famílias que conhecemos, que compartilham da mesma fé.  Além disso, ele tem primos, tem os amigos do futebol, do Krav Maga e ainda tem os colegas do condomínio. Socialização é o que não falta.
  v.           Igreja Doméstica: a maior graça de ser uma família Homeschooler.
Não bastassem todas as vantagens acima descritas, há ainda a mais valiosa de todas para uma família cristã: o Homeschooling permite que cumpramos o que prometemos diante do altar em nosso Matrimônio e no batismo de nossos pequenos: educar os filhos na fé. Colocar as crianças no caminho da santidade deve ser o objetivo número um dos pais cristãos. Afinal, de que adianta ganhar o mundo e perder a alma? Nós temos que agir com sinceridade e nos perguntar se estamos criando nossos filhos para o Céu ou para serem grandes profissionais e ricos? É triste ver pais católicos que ficam arrasados se os filhos não se encontram profissionalmente, mas não se entristecem se eles abandonam a fé.
Em um lar onde se pratica o Homeschooling, o estilo de vida da família muda e Jesus Cristo passa a ser o centro de tudo: os pais podem catequizar seus filhos muito melhor do que nas paróquias; cria-se um tempo no dia para a leitura das Sagradas Escrituras e do Catecismo; as crianças possuem momentos de oração, como o Rosário em família; a vida sacramental passa a ser mais intensa, com os pais levando sempre as crianças para a Confissão e a Eucaristia. Enfim, pode-se viver a Igreja Doméstica com muito mais facilidade do que em uma casa em que os pais saem para trabalhar de manhã cedo e só veem os filhos à noite.
A família deve ser uma Igreja doméstica

A educação domiciliar também preserva os filhos do bombardeamento anticristão que eles recebem na escola. Essas pobres criaturas passam por doze anos de doutrinação esquerdista, socialista, progressista, feminista e tantos outros “istas” que possuem em comum o ódio à Igreja. É um milagre que algumas poucas ainda permaneçam cristãs. Mesmo que as levemos à Igreja, às catequeses, à Missa semanal, que tentemos ensiná-las em casa, não dá para concorrer com 25 horas semanais de doutrinação anticristã. Hoje em dia, tudo é motivo para os livros e professores falarem mal da Igreja, como se fosse a grande vilã do universo. Até mesmo nas aulas de Língua Portuguesa os alunos estão sendo ensinados a odiar a Igreja, como já mostramos em posts anteriores. Portanto, se os pais cristãos têm a possibilidade de fazê-lo, tirar os filhos da escola torna-se uma obrigação, não uma mera opção.
c)           Os maiores medos na hora da escolha pelo Homeschooling 
Já ouvimos diversas vezes a mesma pergunta: sei que o Homeschooling é o melhor para os filhos, mas é legal? Não serei processado? Escreveremos um post sobre a posição jurídica do Homeschooling no Brasil, que ainda é muito nebulosa, mas já podemos adiantar que ninguém vai pra cadeia nem perde a guarda dos filhos por praticar educação domiciliar. Também não há impedimento aos filhos para ingressar na universidade. A tendência é que educação em casa seja regulamentada nos próximos anos. Detalharemos tudo isso posteriormente. O mais importante no momento é refletir sobre o objetivo de educar alguém. Você faria um mal a seu filho ou mesmo deixaria de lhe fazer um bem somente porque políticos determinaram as regras para a sua vida familiar? Lembremos que leis são elaboradas e aprovadas por políticos que têm o bem de nossas famílias como a última de suas preocupações. Não somos anarquistas, não estamos dizendo que temos que ignorar o Estado de direito, a Constituição etc. O que afirmamos é que, como Cristãos, devemos obediência primeiramente a Deus e à Igreja e, como pais, temos que amar nossos filhos e fazer o melhor para eles. Se as leis do Estado nos obrigam a desobedecer as leis de Deus ou a fazer um mal à nossa família, temos a obrigação moral de praticar a desobediência civil. Temos que honrar o sangue dos milhões de mártires que derramaram seu sangue por escolher obedecer a Deus e não ao Estado.  Se tivermos medo de um pedaço de papel, imaginem o dia em que tivermos uma faca no pescoço, como hoje acontece com nossos irmãos no Oriente Médio?
O outro medo de se praticar Homeschooling é a desconfiança da capacidade dos pais em ensinar os filhos. Vemos muitos pais dizendo que não se sentem seguros, pois têm pouca instrução acadêmica e não possuem técnicas pedagógicas adequadas. No entanto, o que eles não percebem é que a partir do nascimento do filho, eles já estão ensinando seus filhos. Se os ensinamos a comer, a andar, a falar, a urinar no vaso etc., também podemos ensiná-los o que eles aprendem na escola. Nós não estamos falando de física quântica, mas de alfabetizar, de ensinar os filhos a ler e escrever e outras coisas simples. Na verdade, por conhecer nossos filhos melhor que qualquer professor, teremos mais facilidade em alfabetizá-los. É evidente que essa decisão demandará um esforço, pois nós teremos que aprender uma metodologia de ensino. Existem vários livros que ensinam como alfabetizar, mas depois de muitas pesquisas e testemunhos, chegamos à conclusão que não há nada melhor no mercado do que o curso do professor Carlos Nadalim. Vale muito a pena assistir aos testemunhos de quem fez seu curso e aplicou seu método em casa. Quando os filhos vão crescendo, as matérias vão ganhando maior complexidade, mas não é nada que os pais não possam aprender junto com os filhos. Chegará um momento que os pais serão menos professores e mais diretores de estudo dos filhos, pois eles estarão estudando temas muito complexos sozinhos.

d)      Tomando a decisão
Escrever as maravilhas da educação domiciliar é muito fácil, mas tomar a decisão é muito mais difícil. As pessoas do nosso século não foram educadas para fazerem o bem, para serem corajosos.  Muito pelo contrário, nós fomos adestrados a fazer aquilo que for necessário para sermos aceitos pela maioria da sociedade. Portanto, para livrar nossos filhos desse grande mal que nos afligiu, temos que nos violentar para quebrar essas correntes. Tomemos nossa própria família como exemplo: tivemos que reduzir nossa renda familiar pela metade para mudar nosso estilo de vida e buscar a santidade em família; vendemos nossos dois carros e optamos por ter apenas um; passamos a ir menos a restaurantes caros;  adiamos o sonho da casa própria; diminuímos as viagens; passamos a ter uma vida um pouco mais modesta, em todos os sentidos. Qual foi o resultado? Hoje somos muito mais felizes, apesar de sermos chamados de fanáticos por alguns amigos e familiares. Abandonar a mediocridade é ofensivo para quem quer permanecer sendo medíocre. Portanto, ao tomarmos a decisão de não mais sermos guiados pelo mundo, temos que ter ciência que os elogios serão poucos e as críticas serão incontáveis.  
Para fazer Homeschooling, os pais devem estar mais presentes em casa. Se um pai e uma mãe trabalham o dia inteiro longe do lar, é impensável não enviar os filhos à escola. Existem famílias em que os pais são obrigados a passar o dia afastados dos filhos, pois de modo diverso não conseguiriam sobreviver. No entanto, há outros casos, como o nosso, em que essa escolha é entre o bem da família e uma vida supérflua. Nós escolhemos pelo bem de nossa família. Não somos ricos, não temos carrão, nossa vida está longe de ser "padrão Rede Globo", mas temos tranquilidade e harmonia dentro do nosso lar. Temos tempo e disposição para educar nosso filho, servir à Igreja, estudar e rezar. Enfim, podemos ser uma família cristã. E temos certeza que Deus não nos desamparará.       

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Da matemática às virtudes morais

Há algumas semanas o Victor Hugo recebeu o resultado das provas do 3º Bimestre. Sua nota de matemática foi 8,8, uma nota excelente, principalmente se levarmos em consideração que mais da metade de sua turma teve nota inferior a 2,0 e que o pouco que ele errou foi por pura distração. Ele disse que foi bem porque o ajudei a estudar, ainda que eu não tenha feito nada demais, mas apenas ensinei a matéria de modo a fazê-lo entender o que havia por traz dos números e prestei atenção nas dificuldades que ele apresentava ao resolver os exercícios.

A matemática é uma linguagem e, como tal, deve ser usada
para expressar a realidade, para simplificar processos mentais
que seriam impossíveis sem a ajuda de abstrações.
Como mencionamos em outro post, foram 40 minutos nos quais expliquei a matéria de um bimestre. O professor demorou dois meses para superar essa matéria por um motivo simples: passava a maior parte do tempo tentando controlar uma turma de 40 pré-adolescentes, uma missão impossível, ainda mais nestes tempos em que qualquer alteração de voz é considerada agressão. Não havia nada de muito complexo para aprender, mas apenas equações com duas variáveis. O problema é que ele, assim como seus colegas de sala, não sabia nem mesmo o que eram números, muito menos variáveis. Ele tinha decorado algumas regras sem entender o que significavam. Percebi essa deficiência quando notei que ele não entendia por que ao passar um número para o outro lado da equação devemos inverter o sinal, mas quando se passa o denominador de uma fração para o outro lado da equação como multiplicação, o sinal permanece o mesmo. Da mesma forma, era claro que ele tinha decorado como fazer o Mínimo Múltiplo Comum, mas não fazia ideia do que aquele macete significava. Logo que percebi essa deficiência, tentei mostrar a ele que os números não são símbolos vazios, mas são abstrações que só fazem sentido porque podem representar algo real. Por exemplo, se digo que “x + 2 = 5”, ele deve entender que esses números e letras devem representar algo real, qualquer coisa que seja contável. Como ele gosta muito de agricultura, sugeri que pensasse os números como litros de fertilizante. Logo que dei o exemplo, ele disparou a calcular quantos reais se gasta com fertilizantes em uma plantação de soja de tantos hectares se forem necessários uma certa quantidade de litros por hectare. Vejam como é importante a escolha de um bom exemplo! Rapidamente ele entendeu que a variável “x” não era nada mais que um número desconhecido de litros de fertilizante. Mas, se sabemos que ao adicionar 2 litros a esse número, ele dá um total de 5 litros, então “x” só pode ser 3 litros. Assim ele pôde entender o motivo real da necessidade de se inverter o sinal do número ao passá-lo para o outro lado da equação. A partir de então, aumentei mais uma variável, inseri frações e sistemas, sempre partindo de um exemplo prático.

O esforço e a paciência necessários ao estudo da matemática
também preparam as crianças para os momentos da vida em
que seus objetivos dependerão de muito suor e lágrimas.
Logo depois de ensinar, deixei-o resolvendo alguns exercícios. Quando voltei, verifiquei aqueles que ele tinha errado e percebi imediatamente o que ele ainda não estava entendendo. Não só pude eximir suas dúvidas específicas de matemática, como pude conhecê-lo melhor: vi que não havia nele a menor disposição para tentar solucionar um problema que ele tinha dúvidas se conseguiria resolver com êxito. Ele nem tentava solucionar certos problemas e nem mesmo reconhecia que não sabia fazê-lo, mas justificava-se dizendo que não tinha aprendido. Isso não é uma deficiência de matemática, tampouco de aprendizado geral, mas uma deformidade de virtudes: impaciência somada à covardia e ao orgulho, ou seja, não consegue passar alguns minutos raciocinando, tem medo de errar e não aceita que não sabe. Depois de receber essa iluminação por meio de simples exercícios de matemática, passamos a reparar mais em suas atitudes e confirmamos a necessidade de trabalhar tais virtudes nele. Obviamente conversamos com ele e explicamos a importância dessas virtudes para a vida de um homem. 

Esse é somente um exemplo de como o ensino individualizado é muito mais eficiente. Imaginem se um professor conseguiria detectar e sanar as dificuldades de cada um dos 40 alunos da turma, quando ele nem mesmo é capaz de mantê-los em silêncio por 5 minutos? Muito mais importante do que a eficiência instrutiva, estudar com os filhos permite aos pais educá-los para as virtudes, pois também ali identificamos suas dificuldades morais e seus pecados (sim, crianças e adolescentes pecam), o que nos permite ajudá-los. Notem que um despretensioso estudo de matemática nos fez capaz de enxergar virtudes (paciência, coragem e humildade) que precisavam ser melhor trabalhadas no Victor Hugo. As horas que nossos filhos passam com os professores que nem sabemos quem são, que vida levam ou qual conduta moral defendem e praticam são momentos que poderíamos aproveitar para conhecer e amar mais nossos filhos.       


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Existem grandes brasileiros?

História é certamente a disciplina que eu e Juliana achávamos mais fascinante em nossos tempos de colégio. Além do interesse pelo estudo do passado, nós também compartilhamos por muito tempo a mesma opinião negativa sobre a história do Brasil, em contraponto com a história universal: nossa pátria teria sido formada por pessoas de índole moral duvidosa. Parecia que os grandes personagens de nossa história eram todos desprezíveis espertalhões. Até mesmo aqueles poucos que os professores da escola elogiavam foram depois desmascarados, como o ditador militar Getúlio Vargas ou João Goulart, um aspirante a Mao Tsé-Tung. Não sobrava um sequer para salvar a pátria.

Sempre senti uma certa inveja dos norte-americanos que falam com tanto orgulho de seus Founding Fathers. Mesmo fora da política, nunca a escola me apresentou grandes brasileiros em nenhuma área. Não temos um Dante Alighieri na literatura, nenhum Michelangelo nas artes plásticas, nenhum Henry Ford no empreendedorismo, nenhum grande cientista. Será que temos realmente que contar a nossos filhos a história do Brasil como um país em que os únicos grandes homens foram chutadores de bolas? É impossível que um país inteiro seja formado por pessoas ruins. Ainda que todos os políticos importantes fossem seres desprezíveis, o Brasil deve possuir homens que realizaram grandes obras merecedoras de serem contadas às futuras gerações.

Para meu alívio, há algumas semanas, assistindo a uma das aulas do curso Homeschooling 1.0, vi a Camila Abadie, do Blog Encontrando Alegria, recomendando alguns livros de história que há décadas não são mais publicados, como “Homens que Fizeram o Brasil” e “Grandes Personagens de Nossa História”. Na mesma hora eu saí em busca deles no Mercado Livre e encontrei alguns exemplares. Quando a encomenda chegou em casa, ficamos encantados não somente com o conteúdo, mas até mesmo com a qualidade material do livro. Não há comparação com as apostilas que nossos filhos usam. Somente em folheá-los e ler algumas páginas, notamos que possuem grande riqueza de informação histórica e sem viés ideológico. Espero encontrar ali um consolo para a minha decepção com a história do Brasil.


Além da esperança de conhecer grandes brasileiros, certamente nossa família poderá conhecer melhor o Brasil, pois a história é formada por fatos, os quais são sempre consequência da ação humana, a qual só pode ser minimamente compreendida se conhecermos um pouco da vida de seus agentes. Portanto, parece-me muito deficiente o estudo da história sem estudar os homens que a fizeram.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Laicismo na educação: a separação entre o conhecimento e a Verdade


“A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio.”
São João Paulo II, Fides et Ratio



A educação deve ser desvencilhada da religião? Se a espiritualidade é uma opção pessoal, de caráter íntimo, e se o Estado, que seria o ente responsável pela educação, é laico, como uma escola poderia ter qualquer ligação com uma religião? Poderia uma escola deixar de ensinar algo por respeito à religião da maioria de seus alunos? Este post é uma breve reflexão sobre tais questionamentos. Começaremos com uma brevíssima, porém necessária apresentação histórica do surgimento e desenvolvimento dos institutos educacionais. Após o apanhado histórico, discorreremos sobre a relação real entre educação e fé e sobre o papel dos pais na realização de tal relação. Verificaremos que aquilo que nós podemos enxergar, à primeira vista, como um grande problema, pode ser somente um sintoma de uma doença que tem um tratamento que está à nosso alcance.

1. Os Sintomas:

As escolas, as universidades, a produção científica, as artes plásticas, a literatura, a música, a alta cultura, enfim, tudo aquilo pelo qual nós podemos nos alegrar de ser parte da civilização ocidental, devem sua existência à Igreja Católica. Não que nada disso não existisse antes do advento do cristianismo, pois certamente a Roma e a Grécia antiga foram os grandes berços da cultura ocidental. No entanto, nos séculos VIII e IX, quando os bárbaros tinham destruído a base do conhecimento existente, as escolas catedráticas e os monges beneditinos conseguiram bravamente preservar o conhecimento dos gregos e romanos e iniciar uma série de empreendimentos educacionais. Não é à toa que São Bento é o padroeiro da Europa e é considerado o pai da Civilização Ocidental. Eles não só conseguiram restaurar o conhecimento greco-romano, como levaram a cultura e a civilização aos povos bárbaros. As próprias universidades nasceram no seio da Igreja em plena Idade Média (séculos XII e XIII), como a Universidade de Paris, Oxford, Bologna, Padova, Pisa e tantas outras. Para quem tiver interesse sobre o tema, recomendo como ponto de partida dos estudos, o livro do Prof. Thomas Woods Jr. “Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental”. Há também um programa baseado no mesmo livro e disponível no YouTube, chamado “A Igreja Católica: Construtora da Civilização” (https://www.youtube.com/watch?v=ng8dume3V6k).
Prof. Thomas Woods Jr. desmistifica o papel de
grande vilão da história que é imputado à Igreja por
professores de história que não estudam história. 
Mesmo no período renascentista não havia uma oposição sistemática entre o saber e a religião, houve apenas uma restauração de vários elementos do paganismo greco-romano. Note que nem mesmo o conhecimento desses pensamentos pagãos seria possível se a Igreja não os tivesse preservado. Basta conferir os temas das grandes obras de arte daquele período para constatar que não houve afastamento do cristianismo por parte de grande dos pensadores e artistas.  A situação começou a mudar, de fato, com o domínio intelectual dos iluministas franceses na Europa continental e a consequente Revolução Francesa. Houve um notável domínio de pensadores anticristãos no ocidente durante os séculos XVIII e XIX. Aliás, foram os iluministas que pintaram a caveira do período em que a Igreja predominava como mestra da ciência, da cultura e das artes, criando alcunhas como "Idade das Trevas", "período obscurantista", etc. A própria denominação “Idade Média” foi uma tentativa dos iluministas de menosprezar esses mil anos "insignificantes" que se intrometeram entre a antiguidade e a Idade Moderna. Os iluministas criam ter-se emancipado de Deus e de qualquer superstição. Apesar de parecer contraditório, tais intelectuais que se julgavam livres da crença em Deus não fizeram nada mais que trocar a fé em Jesus Cristo pela idolatria ao Estado. Niilistas, positivistas, socialistas e tutti quanti somente cultivaram o solo da religião estatal. Criou-se assim o palco perfeito para a encenação do século do totalitarismo. O início do século XX foi marcado pelo agigantamento do Estado e pela propagação da mentalidade anticristã. Floresceram e frutificaram ideologias políticas de adoração ao estado, como o comunismo, o fascismo, nazismo e, mais recentemente, a aparentemente inofensiva social democracia.
Ilustração da Universidade de Paris no Séc. XIII
O Brasil não foi exceção à regra: a crença no Estado salvador tornou-se quase uma verdade absoluta a partir da ditadura de Getúlio Vargas. A religião estatal domina as mentes da maioria dos brasileiros até hoje. Arrisco afirmar que o típico brasileiro é um politeísta: crê no Estado, no Dinheiro e, nas horas vagas, crê no Deus dos cristãos. Essa realidade fez com que o papel de educar e ensinar, que antes era das famílias e da Igreja, passasse às mãos do Estado. Durante as últimas décadas, a aversão à religião nas escolas fez com que a Igreja não apenas perdesse o protagonismo no ensino, mas que fosse completamente proibida de exercer qualquer papel evangelizador na educação infantil, até mesmo nas escolas particulares de denominação católica. Parece um absurdo, mas os colégios católicos estão cada vez mais curvando-se à idolatria estatal e financeira. Até mesmo as orações antes das aulas foram abolidas para não ofender os alunos que não compartilham da mesma crença.
Alguns podem argumentar que escola é lugar de ensino, de transmissão de conhecimento, não de prática religiosa. Em resposta a essa argumentação, convido o leitor a pensar no motivo que fez com que, há mais ou menos mil anos, as escolas e as universidades florescessem justamente no seio da Igreja, e não entre as instituições leigas. Por que os monges lutaram tanto para preservar o conhecimento acumulado das mãos destruidoras dos bárbaros? A resposta é simples: por amor à verdade. Mas o que é a verdade? Para os cristãos, a verdade é Jesus Cristo. Quando o evangelista diz que Jesus Cristo é Palavra, ou o Logos, que tudo foi criado por meio Dele e sem Ele nada se fez, está afirmando que a ordem que existe no universo, sem a qual não haveria qualquer ciência, é o próprio Jesus Cristo. Portanto a ciência foi expandida na Idade Média, em primeiro lugar, pois era um meio de se aproximar de Deus. Houve sim várias consequências para a vida prática, como o desenvolvimento de novas tecnologias. Porém os ganhos terrenos não eram o interesse maior, mas sim o conhecimento da Verdade. Notem que, para o cristão, a Verdade é a fonte e o fim do saber. Não há sentido algum em separar o conhecimento da fonte do conhecimento, que é Jesus Cristo. Não fosse a busca da verdade transcendente, estaríamos muito provavelmente lutando pela subsistência em meio à barbárie, como vivia boa parte da Europa antes da expansão dos mosteiros beneditinos. Não há na história da humanidade uma única civilização que tenha desenvolvido a ciência com base no materialismo. A busca de uma verdade que transcende a matéria sempre precedeu o desenvolvimento das ciências, desde os Maias na América pré-colombiana até o confucionismo no oriente asiático.
“Ora - podem revidar - essa é a sua crença cristã e, portanto, esse tipo de raciocínio só vale para os cristãos e não deve ser imposto à sociedade!”. Não posso estar mais de acordo com tal objeção: nenhuma forma de conhecimento deve ser imposta à sociedade. Mas o que vivemos hoje é exatamente a imposição de uma ideologia de endeusamento estatal e de satanização da religião. Nossos filhos são educados para odiar o cristianismo, respeitar as outras religiões e ajoelhar-se perante o Estado onisciente, onipotente e infinitamente benevolente.

2. O Diagnóstico e o Tratamento:

        Identificamos um problema: a imposição estatal, por meio de quase toda a rede escolar, da separação entre busca do conhecimento e religião, o que é, por definição de conhecimento, inadmissível e auto-contraditório para um cristão. Mas esse é somente um sintoma causado por uma doença. E qual é essa doença? A confusão entre instrução ou ensino e educação. Por vários motivos que não nos cabe discutir neste momento, o Estado, por meio do sistema escolar, passou a tomar a responsabilidade de educar as crianças e não mais somente oferecer instrução técnica. As famílias, por sua vez, aceitaram passivamente essa intromissão estatal em suas vidas privadas. Sobrou aos pais a simples e cômoda tarefa de criar, de dar sustento aos filhos. Portanto, essa é uma doença que tem somente uma cura possível: os pais voltarem a assumir a responsabilidade de educar os filhos, com ou sem o auxílio de escolas para dar instrução técnica. Não podemos simplesmente permanecer murmurando contra o sistema de ensino, como se fôssemos vítimas indefesas do Estado malvado. As vítimas são nossos filhos! Nós pais, ao contrário, somos culpados pela educação fraca e imoral que nossos filhos recebem. Fomos nós que escolhemos nos abster de sua educação para jogá-los em uma escola e ter a quem culpar depois. Enfim, se nossos filhos têm aversão ao conhecimento, se eles odeiam estudar, se preferem jogar no iPad do que ler livros, a culpa não é da escola, a culpa é nossa! Enquanto não assumirmos para nós o erro e não nos arrependermos do mal que estamos fazendo ao nossos filhos, nada será mudado.


Realização paterna: transmitir ele mesmo conhecimento aos filhos.
Devemos passar mais tempo com nossos filhos, devemos fazer brotar em seus corações o amor pelo conhecimento. É no seio familiar que eles aprenderão a rezar antes e durante o estudo; somos nós que os educaremos na moral e na fé, não o catequista e muito menos o professor; somos nós que faremos despertar neles o amor por uma profissão. O estudo só voltará a ter como fonte e como fim o amor de Deus quando nós pais fizermos a nossa parte. Ao contrário do que a maioria imagina, isso não é impossível de ser feito. É claro que requer um esforço enorme dos pais, o qual pode consistir em: estudar muito, inclusive para dar o exemplo aos filhos; abdicar de momentos pessoais - e egoístas - de lazer para estarmos juntos aos filhos; abdicar daquele cargo que dá mais dinheiro e prestígio, já que o pai precisará chegar mais cedo em casa para estudar com as crianças; muitas vezes a mulher deverá abandonar o emprego para ficar em casa em tempo integral e, com a renda mais baixa, talvez a família terá que deixar de lado as viagens internacionais ou o fim de ano na praia. Enfim, talvez você ache que o preço a pagar seja alto demais, mas o ganho é infinitamente maior, além dos pais não precisarem mais comprar o afeto de seus filhos com uma infinidade de presentes que nunca iriam conseguir suprir suas ausências, o ganho maior é saber que estamos abrindo as portas do Céu aos nossos filhos. Acredito que nada pode fazer um pai cristão mais feliz do que olhar para trás e constatar que trocou todos os seus projetos pessoais para ver seus filhos estudando por amor a Deus, não por amor ao dinheiro e muito menos por imposição estatal. Enfim, pais cristãos felizes são aqueles que educam seus filhos para a santidade.

 "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem quiser perder sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras." (Mt 16, 24-27)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O que é mais importante: amor ao conhecimento ou capacidade de resolver provas?

"No Brasil, depois de sequestrarmos as crianças de suas casas pelo menos cinco horas por dia e gastarmos com elas um quarto do orçamento, descobrimos, oito anos depois, atônitos, que a maioria não sabe ler... E isto apesar de todas as siglas das quais se esconde a bilionária incompetência pública."
Prof. José Monir Nasser, Prefácio de "O Trivium"


Ao acompanhar de perto o ensino dispensado pela maioria das escolas, identificamos diversos malefícios que o ensino oficial tem produzido em nossas crianças, os quais, grosso modo, podem ser divididos em duas grandes áreas: conteúdo ensinado e capacidade de aprendizado. Além de todos os absurdos em relação ao conteúdo transmitido pelos professores e pelos livros didáticos, tais como mentiras, doutrinação ideológica e degradação do conteúdo técnico, é muito claro que os métodos utilizados para transmitir o conteúdo também são ineficientes: é necessário muito tempo para aprender pouco conteúdo, o qual logo é esquecido.

Chegamos a tal constatação pela primeira vez quando fomos ajudar o Victor Hugo a estudar para a prova de matemática. Logo vimos que ele não conseguia resolver os exercícios corretamente, então começamos a explicar-lhe a matéria. Depois de 40 minutos, terminamos de expor o conteúdo do livro, que era basicamente a resolução de equações com duas variáveis. Perguntei o que mais cairia na prova e ele me respondeu: é só isso. Achei estranho e indaguei há quanto tempo estavam estudando aqueles capítulos na escola. Para minha surpresa, ele disse que estavam há dois meses no mesmo tópico! Acredito que o leitor deste post deve estar se perguntando, assim como eu o fiz: o que o professor fez durante esses dois meses? O Victor Hugo me explicou que, durante as aulas, o professor explicava, resolvia questões do livro no quadro e passava exercícios para os alunos. É certo que com matemática não há mágica: só se aprende por meio de muitos exercícios. Portanto, o professor estaria certo em sua estratégia. Mas raciocinem comigo: se os alunos passaram dois meses trabalhando com exercícios, como o Victor Hugo, que é um dos melhores alunos de sua turma, não conseguia resolvê-los?

Para desvendar esse mistério, além conversamos muito com ele para saber o que se passava dentro da sala de aula, passamos a pesquisar mais sobre como os professores ensinam. Também nos ajudou muito seguir o trabalho de alguns pais que têm obtido grandes resultados com a educação de seus filhos. Em breve faremos alguns posts sobre o trabalho heroico dessas famílias. É certo que não nos tornamos especialistas em educação, mas quando os erros são gigantescos, qualquer um que queira honestamente enxergar a realidade os vê.

Após essas pesquisas, ficou claro para nós que, na realidade atual, é impossível que um professor, por mais bem-intencionado que seja, transmita qualquer conteúdo a uma turma de 40 alunos. Por quê? O motivo é simples: os professores passam a maior parte do tempo tentando controlar os alunos. Quando a garotada não está fazendo bagunça, está dormindo, olhando para o teto, com aquela cara de tédio digna de compaixão. Os motivos para tal comportamento são vários. Citaremos alguns que conseguimos identificar.

O cansaço é inerente ao aprendizado, pois o estudo requer esforço mental
mas o tédio é sinal de que há algo de muito errado no modo de se ensinar.
Em primeiro lugar, as crianças e adolescente das últimas décadas foram criadas sem qualquer noção de autoridade. Por exemplo, para um pré-adolescente normal, chamar a atenção dos colegas com brincadeiras e piadinhas é muito mais importante do que respeitar o professor. Esses meninos não reconhecem nem mesmo a autoridade dos próprios pais, quanto mais de um professor, que é visto por eles como um mero serviçal.

O segundo motivo é que estamos vivendo a primeira geração que passou a maior parte da infância jogando no iPad, Celular, Vídeo Game etc. Quando deixam os jogos, vão para a TV ou, se sobrar tempo e vontade, vão brincar de algo mais saudável com outras crianças. Essa prática aparentemente inofensiva de deixar os filhos hipnotizadas com tantas cores e movimentos que passam sob a tela vicia a criança no mundo digital. Tudo o mais que apresentarmos a elas será extremamente entediante. Estamos transformando nossos filhos em verdadeiros drogados. O que é mais triste é ver os pais fazendo isso e pensando que estão acalmando as crianças. Quantas vezes já ouvimos de pais que seus filhos só dão paz quando estão vendo galinha pintadinha ou mexendo no iPad? Será que é tão difícil perceber que, no médio prazo, isso só deixa a criança mais agitada? Ela só fica calma na frente dos eletrônicos, pois está sob efeito de uma droga.

O terceiro motivo é óbvio: muitas crianças juntas sentem vontade de brincar, não de prestar atenção em aulas. A infância é naturalmente lúdica. Estranho seria se 40 crianças juntas não dessem nenhum trabalho.

Por último, há a responsabilidade do professor e da escola, pois eles devem ensinar de forma que estimule os alunos a buscar o conhecimento. O bom professor é aquele que incute no coração da criança o amor pelo saber, pela busca da verdade. No entanto, o maior objetivo declarado de quase todas as escolas é aprovar os alunos nas melhores universidades por meio do Enem ou vestibulares. Só isso! Então um garoto de 12 anos sabe que está na escola com um único objetivo: aprender a fazer exames. Percebemos isso com o Victor Hugo quando notamos sua aversão a aprender qualquer coisa que não fosse cair na prova. Já pensaram que nossos filhos passam mais ou menos 2,4 mil dias ou 12 mil horas na escola entre 1º Ano do Ensino Fundamental e o 3º Ano do Ensino Médio? Nós, pais, mandamos nossos filhos para uma prisão durante 12 mil horas com o único objetivo de fazê-los passar em uma prova! Mesmo se não amássemos nossos filhos, se fôssemos egoístas, ainda assim não faria sentido deixar uma criança na escola por 12 anos, pois manter um filho em uma escola dita de classe média, custa ao todo em torno de 190 mil reais, sem contar os anos de pré-alfabetização. Quem aqui em sã consciência gastaria 190 mil reais para um filho fazer uma prova? Mas é isso que fazemos. A única coisa de útil que nossos filhos aprendem na escola é como passar no vestibular.

O bom professor ensina o aluno a amar a busca do conhecimento
O mau professor ensina os alunos a resolver provas

Talvez muitos pais estejam preocupados apenas com o futuro profissional do filho. Talvez o principal objetivo desses pais seja somente a preparação para o filho entrar na faculdade e posteriormente tornar-se um profissional bem-sucedido – o que não passa de um eufemismo para “ser um homem rico”. No entanto, esse não é o objetivo de nossa família com a educação de nossos filhos. O que gostaríamos que a escola fizesse com o Victor Hugo e com os demais filhos que Deus nos enviar é colaborar para que ele cresça como homem, cultive virtudes e que ame a verdade, que seja ávido na busca do conhecimento! A escola deveria se preocupar em inserir na criança o amor ao conhecimento e em desenvolver nelas as ferramentas necessárias para praticar o estudo.  Mas o que nós testemunhamos é que as escolas fazem o inverso: criam aversão ao estudo e idiotizam nossas crianças. 

"A verdadeira liberdade é impossível sem uma mente feita livre por meio da disciplina" - Mortimer Adler, Como Ler Livros: O Guia Clássico para a Leitura Inteligente