sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O que é mais importante: amor ao conhecimento ou capacidade de resolver provas?

"No Brasil, depois de sequestrarmos as crianças de suas casas pelo menos cinco horas por dia e gastarmos com elas um quarto do orçamento, descobrimos, oito anos depois, atônitos, que a maioria não sabe ler... E isto apesar de todas as siglas das quais se esconde a bilionária incompetência pública."
Prof. José Monir Nasser, Prefácio de "O Trivium"


Ao acompanhar de perto o ensino dispensado pela maioria das escolas, identificamos diversos malefícios que o ensino oficial tem produzido em nossas crianças, os quais, grosso modo, podem ser divididos em duas grandes áreas: conteúdo ensinado e capacidade de aprendizado. Além de todos os absurdos em relação ao conteúdo transmitido pelos professores e pelos livros didáticos, tais como mentiras, doutrinação ideológica e degradação do conteúdo técnico, é muito claro que os métodos utilizados para transmitir o conteúdo também são ineficientes: é necessário muito tempo para aprender pouco conteúdo, o qual logo é esquecido.

Chegamos a tal constatação pela primeira vez quando fomos ajudar o Victor Hugo a estudar para a prova de matemática. Logo vimos que ele não conseguia resolver os exercícios corretamente, então começamos a explicar-lhe a matéria. Depois de 40 minutos, terminamos de expor o conteúdo do livro, que era basicamente a resolução de equações com duas variáveis. Perguntei o que mais cairia na prova e ele me respondeu: é só isso. Achei estranho e indaguei há quanto tempo estavam estudando aqueles capítulos na escola. Para minha surpresa, ele disse que estavam há dois meses no mesmo tópico! Acredito que o leitor deste post deve estar se perguntando, assim como eu o fiz: o que o professor fez durante esses dois meses? O Victor Hugo me explicou que, durante as aulas, o professor explicava, resolvia questões do livro no quadro e passava exercícios para os alunos. É certo que com matemática não há mágica: só se aprende por meio de muitos exercícios. Portanto, o professor estaria certo em sua estratégia. Mas raciocinem comigo: se os alunos passaram dois meses trabalhando com exercícios, como o Victor Hugo, que é um dos melhores alunos de sua turma, não conseguia resolvê-los?

Para desvendar esse mistério, além conversamos muito com ele para saber o que se passava dentro da sala de aula, passamos a pesquisar mais sobre como os professores ensinam. Também nos ajudou muito seguir o trabalho de alguns pais que têm obtido grandes resultados com a educação de seus filhos. Em breve faremos alguns posts sobre o trabalho heroico dessas famílias. É certo que não nos tornamos especialistas em educação, mas quando os erros são gigantescos, qualquer um que queira honestamente enxergar a realidade os vê.

Após essas pesquisas, ficou claro para nós que, na realidade atual, é impossível que um professor, por mais bem-intencionado que seja, transmita qualquer conteúdo a uma turma de 40 alunos. Por quê? O motivo é simples: os professores passam a maior parte do tempo tentando controlar os alunos. Quando a garotada não está fazendo bagunça, está dormindo, olhando para o teto, com aquela cara de tédio digna de compaixão. Os motivos para tal comportamento são vários. Citaremos alguns que conseguimos identificar.

O cansaço é inerente ao aprendizado, pois o estudo requer esforço mental
mas o tédio é sinal de que há algo de muito errado no modo de se ensinar.
Em primeiro lugar, as crianças e adolescente das últimas décadas foram criadas sem qualquer noção de autoridade. Por exemplo, para um pré-adolescente normal, chamar a atenção dos colegas com brincadeiras e piadinhas é muito mais importante do que respeitar o professor. Esses meninos não reconhecem nem mesmo a autoridade dos próprios pais, quanto mais de um professor, que é visto por eles como um mero serviçal.

O segundo motivo é que estamos vivendo a primeira geração que passou a maior parte da infância jogando no iPad, Celular, Vídeo Game etc. Quando deixam os jogos, vão para a TV ou, se sobrar tempo e vontade, vão brincar de algo mais saudável com outras crianças. Essa prática aparentemente inofensiva de deixar os filhos hipnotizadas com tantas cores e movimentos que passam sob a tela vicia a criança no mundo digital. Tudo o mais que apresentarmos a elas será extremamente entediante. Estamos transformando nossos filhos em verdadeiros drogados. O que é mais triste é ver os pais fazendo isso e pensando que estão acalmando as crianças. Quantas vezes já ouvimos de pais que seus filhos só dão paz quando estão vendo galinha pintadinha ou mexendo no iPad? Será que é tão difícil perceber que, no médio prazo, isso só deixa a criança mais agitada? Ela só fica calma na frente dos eletrônicos, pois está sob efeito de uma droga.

O terceiro motivo é óbvio: muitas crianças juntas sentem vontade de brincar, não de prestar atenção em aulas. A infância é naturalmente lúdica. Estranho seria se 40 crianças juntas não dessem nenhum trabalho.

Por último, há a responsabilidade do professor e da escola, pois eles devem ensinar de forma que estimule os alunos a buscar o conhecimento. O bom professor é aquele que incute no coração da criança o amor pelo saber, pela busca da verdade. No entanto, o maior objetivo declarado de quase todas as escolas é aprovar os alunos nas melhores universidades por meio do Enem ou vestibulares. Só isso! Então um garoto de 12 anos sabe que está na escola com um único objetivo: aprender a fazer exames. Percebemos isso com o Victor Hugo quando notamos sua aversão a aprender qualquer coisa que não fosse cair na prova. Já pensaram que nossos filhos passam mais ou menos 2,4 mil dias ou 12 mil horas na escola entre 1º Ano do Ensino Fundamental e o 3º Ano do Ensino Médio? Nós, pais, mandamos nossos filhos para uma prisão durante 12 mil horas com o único objetivo de fazê-los passar em uma prova! Mesmo se não amássemos nossos filhos, se fôssemos egoístas, ainda assim não faria sentido deixar uma criança na escola por 12 anos, pois manter um filho em uma escola dita de classe média, custa ao todo em torno de 190 mil reais, sem contar os anos de pré-alfabetização. Quem aqui em sã consciência gastaria 190 mil reais para um filho fazer uma prova? Mas é isso que fazemos. A única coisa de útil que nossos filhos aprendem na escola é como passar no vestibular.

O bom professor ensina o aluno a amar a busca do conhecimento
O mau professor ensina os alunos a resolver provas

Talvez muitos pais estejam preocupados apenas com o futuro profissional do filho. Talvez o principal objetivo desses pais seja somente a preparação para o filho entrar na faculdade e posteriormente tornar-se um profissional bem-sucedido – o que não passa de um eufemismo para “ser um homem rico”. No entanto, esse não é o objetivo de nossa família com a educação de nossos filhos. O que gostaríamos que a escola fizesse com o Victor Hugo e com os demais filhos que Deus nos enviar é colaborar para que ele cresça como homem, cultive virtudes e que ame a verdade, que seja ávido na busca do conhecimento! A escola deveria se preocupar em inserir na criança o amor ao conhecimento e em desenvolver nelas as ferramentas necessárias para praticar o estudo.  Mas o que nós testemunhamos é que as escolas fazem o inverso: criam aversão ao estudo e idiotizam nossas crianças. 

"A verdadeira liberdade é impossível sem uma mente feita livre por meio da disciplina" - Mortimer Adler, Como Ler Livros: O Guia Clássico para a Leitura Inteligente  



6 comentários:

  1. Percebi exatamente a mesma coisa nos meus filhos de 12 e 13 anos: um declínio vertiginoso na sede de conhecimento. As únicas coisas que permaneceram ao passar dos anos eram os conhecimentos adquiridos com a leitura feita em casa ou mesmo com as explicações que dávamos para complementar após a aula da escola.

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    2. Roberta,
      Creio que, diante de tal realidade, não nos resta outra opção que não seja nós mesmos nos responsabilizarmos pela educação de nossos filhos. Temos que ser exemplo e que oferecer tudo o que a escola não oferece.
      Grande abraço!
      Marcelo

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  3. Que legal, Ju e Marcelo. Tomara que muitas pessoas possam ter os olhos abertos como vocês, e que enquanto as crianças forem obrigadas a frequentar a escola possam surgir mais escolas que se preocupam de fato com a formação do ser humano, que preparem suas crianças para viver no mundo!

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    1. Oi Sarinha!!! Obrigada =) Nos preocupamos muito com as crianças em geral. É lamentável ver o quanto o Estado tem se esforçado para emburrecê-las, sexualizá-las, distorcer suas mentes na mais tenra idade. Como bem nos alertou o Padre Paulo Ricardo em seu blog, o controle da educação das crianças é imprescindível para que o Estado consiga eliminar a fé da sociedade, pois a geração proveniente de uma escola sem valores dificilmente estará aberta aos ensinamentos da Igreja. Não podemos deixar que nossos filhos sejam vítimas disso. Temos visto tantos jovens que foram criados dentro da Igreja se perderem e, muitas das vezes, isso se deve ao fato de estarem inseridos nesses meios pagãos e sendo bombardeados diariamente por uma cultura anti-cristã. O que mais vale Sarinha? Praticar a desobediência civil e educar nossos filhos em casa, ou sermos submissos ao mundo? Vc que é devota de Santa Teresinha sabe o quanto foi importante para sua santidade a atuação de seu pai, que sempre fez de tudo para protegê-la do mundo! Eu e o Marcelo já conversamos muito sobre isso e estamos dispostos a correr esse risco por amor aos nossos filhos, não os mandaremos para a escola de jeito nenhum! ;) No mais, saudades de vc! Sempre que vc vem pra Bsb a gente está viajando neh =[ .. Precisamos ir visitá-los. Fica com Deus irmã. Bjs

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