sexta-feira, 1 de abril de 2016

A nossa tarefa é formar adultos, não crianças!

No último post falamos da importante missão que nós, pais, temos ao educarmos nossos filhos. Sobre esse importante tema, James B. Stenson faz um alerta em seu livro "Enquanto ainda é Tempo...". Ele afirma que crianças mal formadas entram na vida adulta como homens e mulheres egocêntricos, impulsionados por apetites e paixões, obcecados pela ânsia de dominar os outros. Embora talvez venham a ter bons empregos e a receber bons salários, a sua vida pessoal estará arruinada. Não estarão preparados para o casamento nem para assumir outras responsabilidades sérias, e muitas vezes verão os seus lares desfeitos e os filhos fora de controle.

Para Stenson, os lares onde os filhos tornam-se mais velhos, mas nunca chegam a tornar-se adultos, são aqueles em que os pais só estavam preocupados em manter as crianças ocupadas com diversões e acreditavam que a passagem do tempo de alguma maneira as transformaria em adultos responsáveis. Por isso, só as corrigiam na medida em que era imprescindível para manter os estragos em um nível que se pudesse tolerar e buscavam, acima de tudo, a paz e a quietude - ou seja, um mínimo de aborrecimentos.

Ocorre que, pais desorientados que criam os filhos dessa forma muitas vezes vêem-se a braços com a desilusão e a tristeza, sendo comum os filhos tornarem-se narcisistas que não se importam nem com os pais nem com os seus próprios filhos - se é que chegam a tê-los. 

Essas tristes observações, porém, permitem delinear com clareza o papel dos pais, a tarefa que Deus chamou cada um de nós a desempenhar. Definitivamente não fomos chamados a transformar a vida de nossos filhos numa série infindável de sensações agradáveis, num anseio contínuo por novos prazeres e por mais poder. A tarefa que Deus nos confiou é passar por muitos anos de esforço e sacrifícios para fazer de nossos filhos adultos competentes, responsáveis e comprometidos por toda a vida, custe o que custar, com os princípios cristãos.

Em outras palavras, a nossa tarefa é formar adultos, não crianças. A nossa missão consiste em formar o caráter de modo a propiciar na mente, no coração e na vontade de nossos filhos as condições para que eles possam ter consciência clara e correta do bem e do mal e que tenham forças para agir de acordo com suas consciências. Devemos trabalhar por esse fim todos os dias da nossas vidas, sem descanso, e considerá-lo a maior responsabilidade da nossa existência.

Portanto, como pais cristãos convictos de nossa missão, devemos auxiliar na formação do caráter de nossos filhos. Stenson afirma que caráter é a soma total de bons hábitos formados na mente e na vontade dos jovens, sendo esses bons hábitos chamados de virtudes. Assim ele descreve as SETE virtudes cristãs básicas, a fim de nos ajudar a ter em mente o que realmente devemos buscar quando estamos educando nossos filhos. São elas:



- FÉ: confiança em Deus e em tudo aquilo que Ele nos ensina através da sua Igreja, incluindo o que nos revela sobre a finalidade da vida humana, isto é, que Ele nos criou para que o conheçamos, amemos e sirvamos aqui na terra e depois sejamos felizes com Ele para sempre no céu;

- ESPERANÇA: a certeza de que Deus cuida de nós como um Pai amoroso e que, portanto, nada temos a temer: Ele há de ajudar-nos a superar os grandes desafios da vida e dar-nos-á os meios para a  nossa salvação eterna;

- CARIDADE: o amor a Deus sobre todas as coisas, sejam quais forem, e o amor aos outros por Ele; a consciência de que todos - cada um de nós - somos filhos de Deus e de que o servimos servindo os outros, os nossos irmãos e irmãs da grande família humana;

- OBJETIVIDADE e CONSCIÊNCIA (PRUDÊNCIA): raciocinar corretamente sobre as pessoas, os acontecimento e nós mesmos; a capacidade de fazer as grandes distinções na vida: saber distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, o belo e nobre do esquálido e feio;

- RESPONSABILIDADE (JUSTIÇA): a capacidade de reconhecer e respeitar os direitos dos outros; o senso de obrigação para com o bem-estar e a felicidade dos outros; a disposição de aceitar as consequências das decisões livres que se tomam, incluídos os erros;

- PERSEVERANÇA CORAJOSA (FORTALEZA): a decisão e a capacidade de superar ou suportar problemas sem procurar escapatórias; e o poder de suportar as dificuldades, mesmo a falta de conforto físico e a dor, e de recomeçar depois dos fracassos e frustrações;

- AUTODOMÍNIO (TEMPERANÇA): a capacidade de dizer "não" a si mesmo, ou seja, de deixar a gratificação dos apetites para mais tarde ou mesmo prescindir dela; a força para superar as paixões e os apetites; o hábito de desfrutar das coisas boas da vida com moderação.

Em resumo, pode-se dizer que este é o caráter cristão que todos nós devemos almejar. É algo real, que qualquer um de nós pode e deve atingir e deveríamos querer que se forme na alma de nossos filhos.